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O papel das redes sociais como fio condutor das manifestações no Brasil
18/jun/2013

O papel das redes sociais como fio condutor das manifestações no Brasil

Se você possui alguma rede social, já viu, com certeza, alguém postando sobre as manifestações que estão acontecendo no país. Nenhuma atividade repercutiu tanto na internet desde o estrondoso sucesso da novela Avenida Brasil.

Mas como e por que ela tem sido grande ferramenta articuladora desse processo?

O Brasil sempre foi uma das principais referências de audiência e penetração digital. O país representa um case de sucesso para diversos produtos e canais de relacionamento.

E na internet, há uma palavra que vale ouro: engajamento. Isso não é novidade – todos sabem que para que algo torne-se hit viral, novo meme ou, ainda, se materialize em um evento social, este é o elemento principal de todas as estratégias e orientações de marketing. Sem o famoso engajamento, nada seria efetivo… Seriam apenas boas imagens com frases bem construídas, de baixo impacto e pouca relevância na vida das pessoas.

Acontece que, na situação atual, há um combustível para este engajamento (seja do próprio governo, da imprensa, de outras pessoas com ideias diferentes). No momento da sinapse coletiva, surge o maior fator motivacional de todos: a indignação.

Mas como, efetivamente, essa “revolta” deu às redes sociais um viés público, político e social? Como foi injetada no país uma boa dose de patriotismo e comprometimento nos moldes da “Primavera Árabe”? Como protestantes virtuais tornaram-se efetivos manifestantes?

Historicamente, esse tipo de ação popular era articulada por (e/ou associada a) Movimentos Estudantis, como União Nacional dos Estudantes (UNE), União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES) e Diretório Central dos Estudantes (DCE), normalmente ligados a partidos políticos, onde há uma liderança nítida e “de pulso”.

Cinelândia #protestorj

Hoje, esse tipo de controle não é mais necessário (afinal, há aderência e comprometimento das pessoas por espontânea vontade, e não por acompanhar um alguém de referência) e as redes sociais tornaram-se o “ponto de encontro” daqueles que têm se sentido desconfortáveis com os rumos políticos/econômicos do país.

As pessoas criam eventos, convocam seus amigos, compartilham vídeos e fotos e, em decorrência disso, surge uma sequência arrasadora de passeatas, incluindo o grande encontro do dia 17 de junho, que aconteceu em diversos Estados brasileiros, simultaneamente, resultando em milhares de indivíduos protestando nas ruas.

Em uma conta por alto – já que carece de fontes – foram mais de 200 mil pessoas presentes no Rio de Janeiro, 65 mil pessoas em São Paulo, 20 mil em Minas Gerais, 10 mil no Rio Grande do Sul, no Paraná e no Distrito Federal, 13 mil no Pará, 5 mil no Espírito Santo e no Ceará, 4 mil na Bahia e 2 mil em Maceió e em Pernambuco. Isso sem contar outras ainda em terras tupiniquins e as realizadas por brasileiros fora do país.

Focando na “questão online” da coisa, os dados são extraordinários:

  • No domingo (16 de junho), foram mais de 6.674 tweets com a hashtag “#protestorj” desde às 16h;
  • De acordo com o Topsy, nos últimos dois dias, foram mais de 10 mil tweets com a hashtag “#changebrazil”;
  • No dia 17 de junho, ficou nos Trending Topics mundiais a hashtag “#AbaixoRedeGloboPovoNaoÉBobo”, uma crítica à emissora por supostamente boicotar as manifestações;
  • O vídeo sobre como a brutalidade da polícia marcou o protesto em São Paulo, produzido pela Folha de São Paulo – que apresenta o relato da jornalista Giuliana Vallone (atingida por uma bala de borracha no olho) – tem mais de 1.470.000 visualização e 19 mil curtidas no YouTube;
  • No Instagram, foram mais de 7.800 fotos compartilhadas com a hashtag “#protestosp”;
  • Foram criados mais de 136 eventos no Facebook convocando as pessoas para participarem dos protestos em cidades brasileiras somente no dia 17 de junho. No exterior, foram 47;
  • Já são mais de 16.700 compartilhamentos no post do Portal Terra sobre os manifestantes na rampa do Congresso;
  • Algumas expressões viralizadas nas manifestações foram retiradas de comerciais – como é o caso de “Vem pra rua” (em referência ao comercial da Fiat que já tem mais de 89.1oo exibições no YouTube) e “O Gigante Acordou” (uma alusão ao comercial do Johnnie Walker, com mais de 793.550 views na mesma rede).

Vale destacar, ainda, o Mapa Colaborativo desenvolvido para aqueles interessados em ir aos protestos. Através do site, é possível ver e enviar relatos das manifestações em todo o Brasil, a fim de alertar aos participantes sobre que está acontecendo de mais relevante em cada região.

A verdade é que esse já é o movimento do tipo que mais repercutiu na internet brasileira e, em termos de mobilização popular, está bem próximo de alcançar o marco dos “Caras-Pintadas” – última grande manifestação do povo brasileiro – já que outros encontros estão marcados para acontecer em breve.

E, afora qualquer opinião pessoal, não há dúvidas de que esse é um novo marco para o país, no qual a internet e seus colaboradores não podem mais ser desconsiderados. A internet tem força, as redes sociais têm força, e elas estão construindo uma nova ponte de informação e interação entre a população. Nesse cenário, o engajamento é o elo e a atitude, o grande instrumento de transformação.

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18/jun/2013

O papel das redes sociais como fio condutor das manifestações no Brasil

Se você possui alguma rede social, já viu, com certeza, alguém postando sobre as manifestações que estão acontecendo no país. Nenhuma atividade repercutiu tanto na internet desde o estrondoso sucesso da novela Avenida Brasil.

Mas como e por que ela tem sido grande ferramenta articuladora desse processo?

O Brasil sempre foi uma das principais referências de audiência e penetração digital. O país representa um case de sucesso para diversos produtos e canais de relacionamento.

E na internet, há uma palavra que vale ouro: engajamento. Isso não é novidade – todos sabem que para que algo torne-se hit viral, novo meme ou, ainda, se materialize em um evento social, este é o elemento principal de todas as estratégias e orientações de marketing. Sem o famoso engajamento, nada seria efetivo… Seriam apenas boas imagens com frases bem construídas, de baixo impacto e pouca relevância na vida das pessoas.

Acontece que, na situação atual, há um combustível para este engajamento (seja do próprio governo, da imprensa, de outras pessoas com ideias diferentes). No momento da sinapse coletiva, surge o maior fator motivacional de todos: a indignação.

Mas como, efetivamente, essa “revolta” deu às redes sociais um viés público, político e social? Como foi injetada no país uma boa dose de patriotismo e comprometimento nos moldes da “Primavera Árabe”? Como protestantes virtuais tornaram-se efetivos manifestantes?

Historicamente, esse tipo de ação popular era articulada por (e/ou associada a) Movimentos Estudantis, como União Nacional dos Estudantes (UNE), União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES) e Diretório Central dos Estudantes (DCE), normalmente ligados a partidos políticos, onde há uma liderança nítida e “de pulso”.

Cinelândia #protestorj

Hoje, esse tipo de controle não é mais necessário (afinal, há aderência e comprometimento das pessoas por espontânea vontade, e não por acompanhar um alguém de referência) e as redes sociais tornaram-se o “ponto de encontro” daqueles que têm se sentido desconfortáveis com os rumos políticos/econômicos do país.

As pessoas criam eventos, convocam seus amigos, compartilham vídeos e fotos e, em decorrência disso, surge uma sequência arrasadora de passeatas, incluindo o grande encontro do dia 17 de junho, que aconteceu em diversos Estados brasileiros, simultaneamente, resultando em milhares de indivíduos protestando nas ruas.

Em uma conta por alto – já que carece de fontes – foram mais de 200 mil pessoas presentes no Rio de Janeiro, 65 mil pessoas em São Paulo, 20 mil em Minas Gerais, 10 mil no Rio Grande do Sul, no Paraná e no Distrito Federal, 13 mil no Pará, 5 mil no Espírito Santo e no Ceará, 4 mil na Bahia e 2 mil em Maceió e em Pernambuco. Isso sem contar outras ainda em terras tupiniquins e as realizadas por brasileiros fora do país.

Focando na “questão online” da coisa, os dados são extraordinários:

  • No domingo (16 de junho), foram mais de 6.674 tweets com a hashtag “#protestorj” desde às 16h;
  • De acordo com o Topsy, nos últimos dois dias, foram mais de 10 mil tweets com a hashtag “#changebrazil”;
  • No dia 17 de junho, ficou nos Trending Topics mundiais a hashtag “#AbaixoRedeGloboPovoNaoÉBobo”, uma crítica à emissora por supostamente boicotar as manifestações;
  • O vídeo sobre como a brutalidade da polícia marcou o protesto em São Paulo, produzido pela Folha de São Paulo – que apresenta o relato da jornalista Giuliana Vallone (atingida por uma bala de borracha no olho) – tem mais de 1.470.000 visualização e 19 mil curtidas no YouTube;
  • No Instagram, foram mais de 7.800 fotos compartilhadas com a hashtag “#protestosp”;
  • Foram criados mais de 136 eventos no Facebook convocando as pessoas para participarem dos protestos em cidades brasileiras somente no dia 17 de junho. No exterior, foram 47;
  • Já são mais de 16.700 compartilhamentos no post do Portal Terra sobre os manifestantes na rampa do Congresso;
  • Algumas expressões viralizadas nas manifestações foram retiradas de comerciais – como é o caso de “Vem pra rua” (em referência ao comercial da Fiat que já tem mais de 89.1oo exibições no YouTube) e “O Gigante Acordou” (uma alusão ao comercial do Johnnie Walker, com mais de 793.550 views na mesma rede).

Vale destacar, ainda, o Mapa Colaborativo desenvolvido para aqueles interessados em ir aos protestos. Através do site, é possível ver e enviar relatos das manifestações em todo o Brasil, a fim de alertar aos participantes sobre que está acontecendo de mais relevante em cada região.

A verdade é que esse já é o movimento do tipo que mais repercutiu na internet brasileira e, em termos de mobilização popular, está bem próximo de alcançar o marco dos “Caras-Pintadas” – última grande manifestação do povo brasileiro – já que outros encontros estão marcados para acontecer em breve.

E, afora qualquer opinião pessoal, não há dúvidas de que esse é um novo marco para o país, no qual a internet e seus colaboradores não podem mais ser desconsiderados. A internet tem força, as redes sociais têm força, e elas estão construindo uma nova ponte de informação e interação entre a população. Nesse cenário, o engajamento é o elo e a atitude, o grande instrumento de transformação.

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